segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Não é só o comercial da Marisa

O NÃO que ontem, dia 21 de outubro, manifestamos ao comercial da Marisa não foi apenas contra a essa propaganda. É preciso ter a sensibilidade para compreender que este NÃO foi muito maior à propaganda em si.

“A Empresa Marisa já há vários anos desenvolve a campanha ‘De mulher para mulher, Marisa’ fazendo propaganda de suas roupas, muitas vezes colocando modelos masculinos para fazer caras e bocas diante dos corpos magros das modelos femininas. Dessa vez ela está com uma campanha no ar, veiculada nacionalmente, em que a modelo agradece a todos aqueles que a ajudaram a ficar com tudo em cima (isto é, magérrima) para pode usar as roupas do verão - Marisa, que a ajudaram a emagrecer, a ficar "dentro do padrão" imposto pela sociedade machista e consumista. Aí, nós peguntamos: isso é mesmo de mulher para mulher?

Quando nós quatro nos reunimos, estrategicamente e sem fazer alarde, em frente à loja Marisa, em Palmas, nós não queríamos dizer um basta apenas a este comercial, mas a todos os outros e a todas as outras formas que a mídia utiliza para dizer como nós, mulheres, devemos nos portar, qual o número que temos que vestir e qual o padrão de beleza temos que seguir.
“É claro que trata-se de uma grande campanha elaborada e veiculada pela mídia machista e reducionista, preconceituosa e discriminadora que leva adiante os conceitos mais primitivos da sociedade capitalista, que desrespeita direitos humanos, que viola a dignidade de todas as mulheres e que amplia as diferenças entre homens e mulheres e mulheres e mulheres.”

Não, não foi uma campanha ou uma manifestação de ódio, em nenhum momento gritamos, esbravejamos, apenas conversávamos com quem chegava curioso para nos questionar o motivo. E pra nossa surpresa e satisfação, a maioria das pessoas que nos abordaram saíram convencidas de que nosso ato tinha e tem fundamento.
Não é só o comercial da Marisa, é o da Coca, da Fiat, é a novela, é o comercial da cerveja, dos produtos de limpeza, entre tantos outros. E a todos eles nós dizemos NÃO. Ora tratadas como objetos de desejo, ora tratadas como objeto de consumo. Basta! E isso não é discurso radical, é social e é só um alerta.

“O Movimento feminista do Brasil inteiro tem se posicionado perante essas campanhas, fazendo o controle social da imagem da mulher na mídia.”
fotos: Tàcio Pimenta
Muitas pessoas, e infelizmente muitas mulheres, não compreendem ainda que nós precisamos romper com esse modelo de ‘mulher ideal’ que nos é imposto a todo o momento. E estar inserida e ser aceita numa sociedade vai além da cor da pele, do formato do corpo, da marca do carro, da numeração da roupa. Nós mulheres, somos diversas e precisamos ser respeitadas e é pela diversidade que eu digo SIM.

A repercussão desse ato tem sido grandiosa e grandiosos serão os resultados, porque nós, mulheres, podemos transformar o mundo.
(citações de Bernadete Aparecida Ferreira, presidenta da Casa 8 de Março - Organização Feminista do Tocantins)
Leia também:
Todas as mulheres, em sua diversidade, têm o seu valor da jornalista Rose Dayanne Santana.


6 comentários:

JO CHIMINI disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
JO CHIMINI disse...

Perfeito! Abaixo os padrões de beleza! Não saímos de uma linha de produção para seguirmos padrões! As mulheres estão cada vez mais vazias em busca apenas de atingir algo inatingível e esquecem de serem felizes. Rir, passear, se vestir com gosto, se perfumar, embelezar com acessórios!
Não sejamos 'barbies de facaria' como disse Rita Lee. Parabéns! Tenho uma página no facebook que apóia essa idéia: https://www.facebook.com/pages/Mundo-Feminino/378705512139578

Sofia disse...

Acho muito digno! :D

Marcio Ruzon disse...

Link da propaganda, pliss. :)

Flávia Quirino disse...

Segue o link da propaganda: http://www.youtube.com/watch?v=3iKNi8CSIEk

Jão disse...

Protesto sem propósito. De fato, existe uma imposição midiática que tenta ditar padrões comportamentais, de beleza, valores e crenças; contudo, isto não está relacionado ao machismo.
Da mesma maneira que existe um modelo idealizado de mulher; o mesmo acontece com os homens, que segundo este têm de ser bem sucedidos, musculosos, ter bens materiais caros e utilizar um determinado vestuário.
Essa lógica também ocorre com produtos direcionados a ambos os gêneros, a exemplo dos carros, como sinônimo de status (acredito que seja o comercial do Linea que segue um modelo bem claro desta linha midiática).
Mas o ponto é que o comercial da Marisa é insensível, nada mais que isso. Enxergar machismo nele é procurar chifre em cabeça de cavalo.
E não se esqueçam que a mídia não apenas faz a cabeça das pessoas: ela é feita por estas também. A coisa funciona como uma mão dupla. Se tentam nos impor algo por estar na moda e ser o comportamento a ser seguido, basta dizermos não. Ninguém é obrigado a seguir a moda. A contracultura nasce daí (e as várias mudanças de padrões do que é considerado belo ao longo da História também.) Inclusive, esta mesmo acaba se tornando uma moda; e tende a tornar os valores vigentes obsoletos e tomar o seu lugar. Uma das principais características da sociedade pós-moderna que vivemos, é justamente a diversidade de opiniões, gostos, etc.
Não é porquê um comercial de TV põe um modelo de mulher magra como sinônimo de beleza, que as pessoas vão ser induzidas a buscá-lo e considerá-lo de fato o ideal.
Isto já foi muito mais forte no passado. Hoje, felizmente, tem importância cada vez menor.